terça-feira, 18 de maio de 2010

"Passione per Firenze", a Síndrome de Stendhal


"Eu cheguei ao ponto da emoção em que se encontram as sensações celestes, conferidas pelas Belas Artes e pelos sentimentos apaixonados... A vida tinha se esgotado em mim, eu caminhava com temor de cair..." (Stendhal, sobre o que sentiu ao visitar Firenze)


Quando eu visitei a Galleria dell'Accademia, para ver "Il David" de perto, senti as mãos formigarem, o peito apertado, a boca seca e uma grande e enorme vontade de expressar todo aquele sentimento de realização e expectativa. Quando entrei no salão onde reina il mio David, eu o estava imaginando bem menor do que é na realidade (ele mede mais de quatro metros!). Talvez eu esperasse algo como a réplica que fica do lado de fora da Galleria (ver a foto acima)... Minha primeira reação foi colocar a mão no peito e puxar o ar (com muita força!) para poder respirar. Depois, olhei para minha sorella Ineza sem nada comentar, apenas mostrando com uma das mão a minha mágica e real visão. Ao me aproximar da escultura, comecei a pensar em Michelangelo, trabalhando, esculpindo, retirando David do bloco de mármore e nos presenteando com aquela maravilha! O ar estava apertado no peito, as lágrimas quentes descendo pelo meu rosto enquanto eu andava, circulando em volta da proteção de vidro que o guarda. Só melhorei depois de me sentar um pouco, numa pequena cadeira no canto do salão, de onde a vista era perfeita. Na verdade, acho que muitas pessoas que amam a arte se sentam ali, para se refazerem dos sintomas de pura paixão. Há alguns dias atrás, lendo numa revista sobre as maravilhas Florentinas, descobri que Stendhal (1783-1842, Paris), um escritor francês, passou mal quando, visitando Firenze, entrou na Igreja de Santa Croce, onde se encontram os restos mortais de Michelangelo e Galileu. Havia tanta beleza nas obras de arte dentro da igreja, que Stendhal sentiu tonturas, falta de ar e quase desmaiou. Hoje, quem apresenta esses sintomas após uma overdose de arte em Firenze, é diagnosticado com a "Síndrome de Stendhal". Assim, lendo, blogando e aprendendo, concluí que essa paixão pela arte, pelos artistas e por Firenze é "veramente" simples. Isso já existe há muitos séculos, e eu me sinto feliz por fazer parte dessa estatística onde se mede o amor de alguém pela arte, pelas obras e pela beleza de uma cidade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Panforte da Toscana


Quando conheci Siena, na Toscana, vi numa vitrine de uma confeitaria, doces maravilhosamente diferentes! Eu e minha sorella Ineza parecíamos crianças felizes mostrando, apontando a vitrine com o dedo e dizendo: "Olha esse doce!", "Olha que delícia!". Mas, com a correria, que é característica das excursões, acabamos deixando os sabores de Siena, Firenze, Verona e tantas outras cidades para trás... Sempre que olho o álbum da minha viagem à Itália, paro exatamente na página que tem a foto do "Panforte", doce tipicamente toscano que faz parte das tradições e das festas de Natal. Não o experimentei, mas posso imaginar o sabor que existe dentro daquelas fatias!!! Consegui essa receita do Panforte, mas não vou me atrever a prepará-lo, sem antes devorar um bom pedaço na minha mágica Toscana! A foto desta postagem foi tirada por mim, numa rua em Siena, onde tudo era lindo e o tempo parecia ter parado para apreciarmos essa delícia. Aliás, o tempo só não parou para nossa guia, que nos chamava o tempo todo para irmos até uma próxima atração... Baci per tutti!!!

Panforte de Siena

50gr de açúcar

50gr de farinha de trigo

50gr de amêndoas sem pele, em pedaços

50gr de uvas passas claras

50gr de uvas passas escuras

3 figos secos em pedaços

1 colher (sopa) de cacau em pó

1 cálice de conhaque

1 colher (chá) de fermento em pó

1 colher (café) de noz moscada ralada

1 casca de tangerina ralada

2 ovos

1 folha de hóstia

Modo de Preparo: Bata bem os ovos com o açúcar e vá acrescentando a farinha, as frutas secas, o conhaque (no qual foi dissolvido o fermento) e os demais ingredientes. Reserve a folha de hóstia.

Montagem: Depois de ter misturado tudo, unte uma forma de aprox. 20cm de diâmetro com manteiga ou margarina. Sobre esta base, coloque a folha de hóstia centralizando-a. Despeje a massa batida acertando a superfície e as beiradas. Leve ao forno pré aquecido a 190 graus por, mais ou menos, 35 minutos. Depois de assado o Panforte fica com uma cor marrom escuro. Retire-o da forma virando-a num prato raso e vire-o novamente em outro prato, para que a hóstia fique para baixo. Polvilhe a face superior com uma nuvem de açúcar de confeiteiro.















Firenze, altra volta!
















Como já havia comentado em outra postagem,andando por Firenze, vai-se descobrindo pequenas ruas, estreitinhas, no decorrer do caminho. Quando se tem um pouco mais de tempo pode-se explorar com mais calma e sentir ainda vivos os rastros do passado, de histórias que foram ficando cravadas nas pedras das paredes, do chão e também nos casarões e palácios. Eu não tive tanto tempo (por conta da excursão), pois andávamos sempre muito rápido quando estávamos com nossa guia... Numa tarde, eu, Ineza , Rosana e Cláudio (amigos queridos!), saímos para passear por Firenze e, juntos, fomos descobrindo cantinhos lindos, ruazinhas encantadas e uma arquitetura esplêndida! Fotografei tanto naquela tarde!!! Cada rua tem uma identidade, e imagino que tenha também muitas histórias! Ruas medievais sempre devem ter um passado glorioso, não é mesmo? A modernidade tenta invadir Firenze, mas, suas ruas mágicas, são capazes de resistir e insistir em nos contar histórias e nos mostrar o passado. Amo Firenze e suas ruas. Amo recordar cada passo que andamos por lá. Cada gelato deixou a marca de um sabor. O Panforte ficou na imaginação... não deu tempo de voltar mais tarde e saboreá-lo, matando a curiosidade de saber que sabor teria aquele doce!... Amei descobrir que em Firenze existe uma porção de lojas específicas para calígrafos, pois aqui no Brasil não existe uma única opção para essa profissão tão linda e que exige materiais de qualidade... Eu, como calígrafa, sei o quanto é difícil encontrar uma lojinha, piccola que seja, que venda algo de bom para esse tipo de trabalho! Amei as feiras de Firenze e amei o dia longo de verão. As fotos desta postagem foram tiradas numa tarde maravilhosa, onde andamos, rimos, sonhamos e ficamos maravilhados com tanta beleza!