terça-feira, 4 de novembro de 2014

De molho...




Quando me sentei na minha poltrona do avião que me levaria às férias tão merecidas, senti que algo não seria tão perfeito... Mas, enfim, curti a viagem, voei imaginando que em poucas horas estaria descansando, finalmente, após dois longos anos de trabalho duro.
Enquanto viajava, sentia o grande incômodo por ficar sentada... Havia já alguns meses, estava sentindo fortes dores e "pontadas" no quadril, do lado direito.
Na verdade, essa história começou em 2011, quando viajei com minha amiga Rosana para a Itália. Durante toda a viagem, comecei a sentir essas pontadas, essas "fisgadas" que me davam sustos e me impediam de andar com segurança. Procurei por ortopedistas, que sempre me diziam praticamente as mesmas coisas: "Hum... você não tem nada... vou receitar um anti inflamatório para a dor parar..."
E assim, fui levando essa dor que, de vez em quando, aparecia para lembrar que estava firme, morando no meu quadril.
Faço aulas de Dança do Ventre desde 2005. Essas aulas são minha verdadeira terapia, pois me salvaram de um buraco sem fundo, no qual caí quando tive um câncer de mama e me vi sem cabelos, abandonada pelo meu noivo, perdida e sem saber o que aconteceria com minha vida. E a Dança do Ventre me resgatou e me mostrou uma vida mais leve e mais divertida. Porém, de uns tempos pra cá, até mesmo as minhas aulas de dança ficaram mais espaçadas... as dores do quadril se irradiavam por toda a perna direita e eu sentia um grande desânimo para fazer exercícios. E assim, parei de frequentar as aulas... e assim, o desânimo voltou.
Mas, voltando ao avião onde me encontrava sozinha e cheia de planos, percebi que não estava tão só... lá estavam os pequenos latejamentos, pontinhos de lembranças de que o problema estava ali, oculto pela euforia das férias que passaria na Toscana com minha amiga Susi.
Após uma conexão turbulenta em Londres, embarquei para Roma, onde me encontraria com minha amiga. Após três longas horas em busca da  minha mala naquele aeroporto italiano, consegui finalmente me encontrar com minha amiga para iniciarmos nossas férias! Mas, sinceramente, minha vontade era apenas de ficar deitada, dormir e acordar sem dores...
A viagem durou 15 dias. As dores me acompanharam fielmente, em todos os lugares, em todas as ruas, em todas as paradas para um gelato! Quinze dias. Dias de plena dor.
Chegando ao Brasil, comecei a buscar médicos que pudessem me ajudar. Nada. Nada mudou. E a frase também não era diferente quando eles me mostravam a radiografia: "Você não apresenta nada nos ossos... pode ser uma bursite..."
Até que, num momento de Luz, minha amiga (e professora de Dança do Ventre), Crys, me indicou um especialista!!!!! LUZ!!!!!
Na primeira consulta, radiografia feita e investigada meticulosamente na tela do computador, e lá estava o diagnóstico: Uma "osteo necrose (por culpa da grande quantidade de corticóides da quimioterapia feita há dez anos!), que desgastou a cabeça do fêmur, que por sua vez, entrou em constante atrito com o osso do quadril, que acabou ganhando uma rotura e um "gancho" ósseo (uma ponta)... o que me fazia sentir dores insuportáveis! Sem falar na falta da bendita cartilagem!
Quando tudo isso se definiu, o médico marcou uma cirurgia, e lá fui eu, encarar uma nova fase...
Na última sexta feira (dia 31) fui operada e, como num passe de mágica - talvez por ser dia de Halloween! - as dores DESAPARECERAM!!!!!! Que alívio!!!!!
Estar em casa, "de molho", quietinha no meu sofá, me parece o verdadeiro "céu"! Cirurgia certeira e bem sucedida! Médico maravilhoso que me tratou com atenção e carinho!
Hoje, deitada aqui no meu querido sofá, fico revendo as fotografias da Toscana e vejo que, em momento algum, eu parecia completamente feliz... havia uma "fisgada" em cada foto, uma dor oculta que me fazia ter vontade de voltar ao quarto do hotel.
Graças a Deus, estou bem! Agora é só seguir as recomendações médicas, repousar, me afastar do trabalho por dois meses, fazer a fisioterapia e cuidar com carinho das minhas muletas. Mas, a garantia de uma vida sem dor é um grande presente!
Quando sentimos dores, às vezes, não as valorizamos... mas, o pior dessa história, foi que médicos consultados antes não a valorizaram... e isso é ruim.
Portanto, investiguem suas dores, não deixem que ela se instale e "more" em vocês. A minha, por essa falta de atenção, cresceu, viajou comigo, voltou e, finalmente foi descoberta.
Estar aqui de molho, é uma fase chatinha, mas é também um momento necessário para outro recomeço. E, sinceramente, eu AMO recomeços!!!!!